A expressão de mulher violão é direcionada para curvas e formato do corpo feminino. A expressão é um jargão galanteador que hoje beira a poesia barata, mas na mostra “Toque-me” da fotógrafa Alle Manzano o sentido do termo assume outro significado.
"Uma vez rasgada a pele, tudo que é palco emerge. Uma vez despida a alma, tudo que é loucura & calma se casa, se briga, se joga. E quando rogadas palavras de liberdade, a melodia, por vaidade, vem junto. Vem porque uma nota acende o peito do flash, do grito, do leito. Vem porque é feita harmonia e noite. Larga de açoite e respira esse toque. Aqui tem piano, tem plano e enfoque. Mulher dessas que fez-se água e estrela; a ela, o olhar de uma vida inteira." - poema de Fábio Chap, colaborador da mostra de Alle Manzano.
Com 16 painéis a serem exibidos a partir do dia 18 de dezembro no Teatro Garagem, em SP, a artista coloca em discussão a necessidade do conhecimento e respeito às singularidades de cada mulher.
A comparação com instrumentos musicais vem a calhar porque cada pessoa pode ser interpretada como um saxofone, uma bateria, um xilofone ou violino. Isto é, as características, formação e experiências únicas dos indivíduos os conferem maneiras específicas de recebimento de amor.
Cada um de nós tem um timbre, um tom e técnicas para que gemidos e outros sons sejam arrancados. No caso das mulheres, os métodos nem sempre são valorizados ou consultados por causa da visão diminuída que possuem dentro da convivência com os homens.
“É complicado para uma mulher dizer para um cara como quer ser tocada por causa de tabu. Como trabalho com muitas modelos, ouço histórias de frustração com relação à intimidade por falta de comunicação e troca”, explica a fotógrafa que encontra candidatas pela internet.
Tocar é arte. Enxergar sexo como tal ajuda a se empenhar para entrar no ritmo e compreender que uns são mais bossa nova e outros mais rock and roll. Conclusão: é preciso praticar bastante porque de primeira os ensaios podem sair toscos.
“Toque-me”, segundo Alle, também é uma crítica ao período virtualizado das relações que se constroem em redes sociais e desaguam em encontros apenas para transas. “Não acho errado fazer sexo de primeira, mas muita coisa deixa de ser absorvida nos chats.”
A mostra em questão segue a investigação da artista no universo feminino, uma vez que a primeira exposição que realizou, “Lendo-me”, tratava de outro tema polêmico: a masturbação feminina como ato de auto-exploração e reconhecimento.
Além de uma prévia da mostra mais recente da artista, veja a seleção de imagens feita por Alle Manzano das mostra da "Lendo-me":
Nenhum comentário:
Postar um comentário